quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O sumário da aula de 2ª 10/11, segundo S. Hugo Mamede

Sumário da aula de 10 – 11 – 2014 (a Teoria do Caos e a Vida do Livro)
Hugo Mamede

·         O trabalho do editor parece estar mais limitado do que seria de esperar, em parte porque os colegas com quem trabalha, nomeadamente do Marketing/Comunicação, têm uma palavra forte a dizer sobre a viabilidade comercial de diversos aspectos ligados à edição, tais como a escolha da capa ou a tiragem.
·         Também ligada à viabilidade comercial (importante não descurar que o livro é um objecto que pretende gerar receitas), há que considerar não só as opiniões dos diferentes parceiros da editora como ainda o percurso de vida do livro:
Podemos considerá-lo como um ser vivo autónomo, no sentido em que também ele está sujeito à lei física da Teoria do Caos, que postula: 1– as ocorrências futuras são por definição imprevisíveis; 2 – “life finds a way”; 3 – é inútil tentar controlar o rumo dos acontecimentos.
·         A longevidade de um livro quando sai para as livrarias pode variar bastante, assim como o maior ou menos sucesso de vendas. Tipicamente, quando falamos de obras de ficção, observamos um grande entusiasmo inicial nas vendas assim que o livro é publicado. Este entusiasmo costuma durar duas semanas, e então regista-se uma natural quebra abrupta de consumo. A publicidade e a exposição da obra sobre outras formas, nomeadamente através de recomendação privada, costuma ajudar a criar ímpeto do lado da procura. Mas também há factores que permitem fazer renascer o livro depois de este ter terminado o seu percurso inicial de vida no mercado, como é o caso do autor vencer subitamente um prémio importante, entre outro género de publicidade impactante.
·          Existem pelo menos mais dois modelos de longevidade do livro que são comuns. O primeiro diz respeito àqueles livros que vendem de uma maneira regular e periódica, embora sejam vendas sempre pouco expressivas. Aqui falamos de obras que conseguem manter uma certa actualidade ao longo do tempo ou que são obrigatórias adquirir por períodos sazonais, como é o caso dos manuais escolares. O segundo modelo de longevidade é o que corresponde a suaves curvas ascendentes ou descentes num gráfico de vendas/tempo. Estes são livros que pela sua natureza não vendem muito, como é o caso de alguma não-ficção, e que apesar de nunca experimentarem explosões de vendas são sempre sensíveis à publicidade ou ao “passa-palavra” como elementos de estímulo comercial.
·         Se a publicidade é importante, então há considerações a tecer sobre os importantes parceiros do livro, nomeadamente a crítica. No caso da crítica literária, e ao contrário do que acontece na de cinema ou teatro, os jornalistas parecem “divorciados” de uma ética de trabalho. É que é normal escreverem-se apreciações sobre livros antes de eles serem publicados ou então muito depois de eles já estarem à venda, o que talvez se possa explicar pelo facto do livro ainda ser entendido como um objecto ambíguo: em parte coisa cultural (prestigiante), em parte coisa comercial (vulgar).
·         O caso Lobo Antunes como o de um autor genial mas que produz em sucessão tantas obras-primas que os seus livros acabam por gerar um efeito de cansaço nos leitores.
·         O nosso estilo de vida define hábitos de consumo: para tempos mais ambulatórios como os de hoje, é normal que se deixe de consultar uma exaustiva Encyclopædia Britannica para se dar primazia à rapidez e facilidade de acesso da Wikipédia.

·         Os livros de bolso não são mais do que reedições tardias só que com papel de menor qualidade e produção mais barata. Assim entendidos, podemos concluir que em Portugal praticamente não existem.

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