Sumário da aula de 10 – 11 – 2014 (a Teoria do
Caos e a Vida do Livro)
Hugo Mamede
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O trabalho
do editor parece estar mais limitado do que seria de esperar, em parte porque
os colegas com quem trabalha, nomeadamente do Marketing/Comunicação, têm uma
palavra forte a dizer sobre a viabilidade comercial de diversos aspectos
ligados à edição, tais como a escolha da capa ou a tiragem.
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Também
ligada à viabilidade comercial (importante não descurar que o livro é um
objecto que pretende gerar receitas), há que considerar não só as opiniões dos
diferentes parceiros da editora como ainda o percurso de vida do livro:
Podemos
considerá-lo como um ser vivo autónomo, no sentido em que também ele está
sujeito à lei física da Teoria do Caos, que postula: 1– as ocorrências futuras
são por definição imprevisíveis; 2 – “life finds a way”; 3 – é inútil tentar
controlar o rumo dos acontecimentos.
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A
longevidade de um livro quando sai para as livrarias pode variar bastante,
assim como o maior ou menos sucesso de vendas. Tipicamente, quando falamos de
obras de ficção, observamos um grande entusiasmo inicial nas vendas assim que o
livro é publicado. Este entusiasmo costuma durar duas semanas, e então
regista-se uma natural quebra abrupta de consumo. A publicidade e a exposição
da obra sobre outras formas, nomeadamente através de recomendação privada,
costuma ajudar a criar ímpeto do lado da procura. Mas também há factores que
permitem fazer renascer o livro depois de este ter terminado o seu percurso
inicial de vida no mercado, como é o caso do autor vencer subitamente um prémio
importante, entre outro género de publicidade impactante.
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Existem pelo menos mais dois modelos de
longevidade do livro que são comuns. O primeiro diz respeito àqueles livros que
vendem de uma maneira regular e periódica, embora sejam vendas sempre pouco
expressivas. Aqui falamos de obras que conseguem manter uma certa actualidade
ao longo do tempo ou que são obrigatórias adquirir por períodos sazonais, como
é o caso dos manuais escolares. O segundo modelo de longevidade é o que
corresponde a suaves curvas ascendentes ou descentes num gráfico de
vendas/tempo. Estes são livros que pela sua natureza não vendem muito, como é o
caso de alguma não-ficção, e que apesar de nunca experimentarem explosões de
vendas são sempre sensíveis à publicidade ou ao “passa-palavra” como elementos
de estímulo comercial.
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Se a
publicidade é importante, então há considerações a tecer sobre os importantes
parceiros do livro, nomeadamente a crítica. No caso da crítica literária, e ao
contrário do que acontece na de cinema ou teatro, os jornalistas parecem
“divorciados” de uma ética de trabalho. É que é normal escreverem-se
apreciações sobre livros antes de eles serem publicados ou então muito depois
de eles já estarem à venda, o que talvez se possa explicar pelo facto do livro
ainda ser entendido como um objecto ambíguo: em parte coisa cultural
(prestigiante), em parte coisa comercial (vulgar).
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O caso Lobo
Antunes como o de um autor genial mas que produz em sucessão tantas
obras-primas que os seus livros acabam por gerar um efeito de cansaço nos
leitores.
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O nosso
estilo de vida define hábitos de consumo: para tempos mais ambulatórios como os
de hoje, é normal que se deixe de consultar uma exaustiva Encyclopædia
Britannica para se dar primazia à rapidez e facilidade de acesso da Wikipédia.
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Os livros de
bolso não são mais do que reedições tardias só que com papel de menor qualidade
e produção mais barata. Assim entendidos, podemos concluir que em Portugal
praticamente não existem.
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